São Paulo, oito da noite. O celular de Maria, uma executiva de 35 anos, vibra sobre a mesa de centro. Não é mais uma daquelas notificações genéricas, um cupom de desconto para um produto que ela jamais compraria. É uma mensagem da sua adega de vinhos preferida.
A notificação não apenas a chama pelo nome; ela sugere um rótulo de Malbec argentino que harmoniza perfeitamente com o bife de chorizo que Maria postou em sua rede social há menos de uma hora. A mensagem oferece um desconto exclusivo para aquela garrafa e, o toque final, a promessa de entrega em 30 minutos, a tempo para o jantar. Isso não é marketing. É quase telepatia.

Essa cena, que até pouco tempo pertencia ao roteiro de um filme de ficção científica, é hoje o campo de batalha onde as marcas mais inteligentes do mundo estão conquistando a lealdade de seus clientes.
Do Instinto ao Algoritmo: A Revolução do Forecast nas Vendas
Quantas vezes você, do outro lado da tela, se sentiu apenas mais um número em uma lista de e-mails, um alvo anônimo de uma campanha de massa? A verdade é que o marketing tradicional, com sua comunicação unilateral e segmentação grosseira, está com os dias contados.
Estamos entrando na era da hiperpersonalização, a antítese do marketing de massa, e a tecnologia é a grande protagonista dessa revolução. Gigantes da comunicação como o Grupo Globo e líderes do setor de consórcios como a Rodobens não estão apenas flertando com essa nova realidade; eles já operam nela, utilizando plataformas robustas como o Salesforce Marketing Cloud para orquestrar essas experiências singulares.
Da Segmentação à Singularidade: A Morte do “Público-Alvo”

Por anos, o mantra do marketing foi “segmentar”. Agrupávamos pessoas por idade, gênero, localização e, com sorte, por algum interesse em comum. Criamos o conceito de “público-alvo”, uma entidade homogênea que, na prática, nunca existiu.
A hiperpersonalização dinamita essa ideia. Ela não se contenta em saber quem é o cliente; ela busca entender como ele está, o que ele precisa e em que contexto ele se encontra, tudo em tempo real.
A diferença é brutal. A personalização clássica é um e-mail que começa com “Olá, [Primeiro Nome]”. A hiperpersonalização é saber que [Primeiro Nome] abandonou um carrinho de compras com um par de tênis de corrida, cruzar essa informação com o seu histórico de buscas por “maratonas” e com o dado de que ele acabou de baixar um aplicativo de treino, para então enviar uma notificação push com um plano de treinamento gratuito patrocinado pela marca de tênis.
Essa não é uma mera conveniência; é uma expectativa. Um estudo da consultoria McKinsey, intitulado “Next in Personalization 2021 Report”, revela que 71% dos consumidores esperam que as empresas ofereçam interações personalizadas. A frustração de não ter essa expectativa atendida é palpável e custa caro.
Confira o estudo completo aqui.
A mesma pesquisa aponta que 76% dos consumidores se sentem frustrados quando não encontram essa personalização. O recado é claro: o cliente moderno não quer ser um alvo, quer ser um indivíduo reconhecido. E a tecnologia, antes vista como fria e distante, tornou-se a ponte para essa conexão profundamente humana, graças à convergência de Big Data, Inteligência Artificial e Machine Learning.
Salesforce Marketing Cloud: A Sala de Comando da Hiperpersonalização

Se a hiperpersonalização é uma sinfonia complexa, o Salesforce Marketing Cloud é a batuta do maestro. É a plataforma desenhada para executar a melodia da comunicação individualizada em escala. No entanto, para que a música seja verdadeiramente impactante, o maestro precisa de uma partitura clara e da capacidade de improvisar com inteligência.
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É aqui que a verdadeira força do ecossistema Salesforce se revela: a integração do Marketing Cloud com outras nuvens poderosas, como o Data Cloud e a camada de inteligência artificial Einstein.
Hiperpersonalização no universo Salesforce
Vamos analisar essa dinâmica de forma realista. O Marketing Cloud, em sua essência, é o motor de engajamento. Suas ferramentas nativas, como o Journey Builder, o Email Studio e o Mobile Studio, são os instrumentos que permitem criar e automatizar as jornadas dos clientes através de múltiplos canais.
O Journey Builder, por exemplo, atua como um diretor de cena, desenhando os fluxos de comunicação que se adaptam às ações do cliente: um e-mail aberto, um clique em um link, uma compra realizada. É a ferramenta que executa a conversa.
Contudo, a qualidade dessa conversa depende diretamente da qualidade da informação que a alimenta. É aqui que a integração com outras ferramentas Salesforce, como o Data Cloud, pode se tornar um divisor de águas.
O Impacto do Data Cloud na Experiência do Cliente
Muitas empresas enfrentam o desafio de ter seus dados de clientes espalhados em silos – um sistema para vendas, outro para atendimento, outro para e-commerce. O Data Cloud atua como o grande unificador. Ele ingere e harmoniza esses dados de fontes distintas para criar um perfil de cliente único e abrangente, uma visão 360 graus que pode, então, ser ativada dentro do Marketing Cloud.
O case da Rodobens, empresa de Serviços financeiros alavancada no varejo automotivo, ilustra perfeitamente esse desafio. Em um relato publicado pela própria Salesforce, a empresa descreve que possuia diversos sistemas diferentes, o que criava uma visão fragmentada de seus clientes.
A implementação da plataforma Salesforce permitiu centralizar essas informações. Ao criar essa visão unificada dos dados, com a adoção de nuvens como Sales Cloud, Service Cloud e Marketing Cloud, a Rodobens passou a ter a capacidade de entender a jornada completa de seus clientes e, com isso, personalizar a comunicação de forma muito mais eficaz, sabendo exatamente que tipo de oferta ou mensagem faria sentido para cada pessoa, com base em seu histórico completo com a empresa.
Salesforce Einstein: A Inteligência Artificial como Motor da Personalização
Pense no Einstein não como uma ferramenta isolada, mas como a camada de inteligência que transforma dados em decisões estratégicas. Ele é o consultor particular do profissional de marketing, embutido no tecido do ecossistema Salesforce para potencializar cada ação.
Dentro do próprio Marketing Cloud, o Einstein já opera de forma nativa com funcionalidades poderosas. O Einstein Engagement Scoring, por exemplo, atua como um termômetro preditivo, analisando o comportamento passado para prever a probabilidade de um cliente abrir um e-mail, clicar em um link ou cancelar uma assinatura.
Isso permite que a comunicação seja otimizada de forma inteligente, focando esforços onde o engajamento é mais provável.
No entanto, o verdadeiro poder de antecipação da hiperpersonalização é desbloqueado quando o Marketing Cloud consome os insights gerados pelo Einstein em outras nuvens, como o Sales Cloud ou o Service Cloud, todos alimentados pelos dados unificados no Data Cloud. É essa arquitetura conectada que permite ir além.
Com ela, é possível prever a propensão de compra de um novo produto, identificar o risco de um cliente valioso abandonar a marca (churn) ou descobrir qual a próxima melhor oferta para apresentar.
Na prática, o Einstein analisa o perfil completo do cliente no Data Cloud e “sussurra” as recomendações para o Journey Builder. O resultado? A marca deixa de apenas reagir a uma ação do cliente e passa a se antecipar às suas necessidades, transformando a jornada de um caminho pré-definido em um diálogo preditivo e relevante.
O Paradoxo da Tecnologia: Usando IA para Criar Conexões Genuínas

Vamos voltar à nossa personagem, Maria. A jornada dela com a adega de vinhos não terminou com a entrega da garrafa. No dia seguinte, em vez de receber um e-mail genérico com “compre mais vinhos”, ela recebe um convite exclusivo para um evento online de degustação com o sommelier que selecionou aquele Malbec que ela adorou. Em duas semanas, a plataforma nota que ela não comprou mais nada e envia uma pequena pesquisa: “Sentimos sua falta, Maria. O que você gostaria de explorar a seguir?”. Isso não é mais vender um produto. É cultivar um relacionamento.
O resultado dessa abordagem é tangível e vai muito além de um cliente satisfeito. O mesmo estudo da McKinsey citado anteriormente quantifica o impacto: empresas que se destacam na personalização podem gerar receitas de 5 a 15% maiores e aumentar a eficiência dos gastos com marketing em 10 a 30%.
A lógica é simples: clientes que se sentem compreendidos e valorizados tornam-se leais. A fidelidade aumenta, o custo de aquisição de novos clientes diminui e, em um mercado onde produtos e preços são facilmente copiados, a experiência do cliente se torna a única vantagem competitiva sustentável.
Claro, um grande poder exige grande responsabilidade. A linha entre uma personalização útil e uma vigilância invasiva é tênue. A confiança é a moeda mais valiosa, e ela só é mantida com transparência total sobre o uso dos dados e um controle claro nas mãos do cliente.
Você está preparado para a era do “Marketing one to one”?

A hiperpersonalização, impulsionada por plataformas como o Salesforce Marketing Cloud, não é uma tendência passageira. É o novo padrão de excelência. É a evolução natural do marketing em um mundo digital saturado, onde a atenção é o ativo mais escasso.
A inteligência artificial não veio para substituir o profissional de marketing, mas para libertá-lo do trabalho operacional e repetitivo, permitindo que ele se concentre no que realmente importa: estratégia, criatividade e a construção de relacionamentos genuínos.
A questão para líderes e gestores de marketing não é mais se suas empresas devem adotar a hiperpersonalização, mas quão rápido conseguem transformar a montanha de dados que possuem em conversas relevantes e individuais. Seus concorrentes mais ágeis já estão nessa jornada.
E o seu cliente, assim como a Maria, não espera nada menos do que ser tratado como único. O futuro do marketing é singular.
